Há uns anos tive a oportunidade de visitar A Última Ceia de Leonardo da Vinci no mosteiro de Santa Maria delle Grazie, na Itália. Na época, já fazia uns 30 anos que a complexa restauração (que durou 20 anos) tinha terminado. Achei interessante saber que o principal temor do restauro "foi o de se aproximar de texto pictórico tão famoso" segundo Pietro C. Marani.
Em consequência da queda de fragmentos da pintura, a restauração de emergência foi iniciada com determinação e inteligência, em 1977.
E qual não foi a surpresa dos restauradores em poder apreciar a beleza e a quantidade inesperada das cores e formas originais da obra, preservadas sob as camadas de repintes modernos e cinco séculos de sua atribuladíssima história.
Fiquei impressionado em saber que a pintura desde a sua origem tinha sido várias vezes alterada e deformada, não só pela ação do tempo, mas por leituras e interpretações cheias de preconceito feitas no passado.
Para se ter uma ideia, os repintes, além de deformar rostos, expressões, posturas e cores, haviam escondido os efeitos da composição, profundidade e o jogo de luz e sombra propostos originalmente por Leonardo da Vinci.
Não me considero um cara religioso, mas confesso que essa experiência me marcou.
Vale muito a pena visitar.
A parede, onde está pintada a Última Ceia, ficou intacta após um bombardeio em 1943, durante a 2a Grande Guerra, apesar do teto e de toda a estrutura ter desabado.
E, acredite, no passado, abriram uma porta, hoje fechada, no meio da pintura.
A pintura retrata a ultima ceia de Jesus com seus apóstolos, não no momento da eucaristia, como a maioria pensa, mas sim, no momento imediatamente anterior à identificação de Judas, onde as palavras de Jesus " Um de vós me trairá" repercute como ondas sobre os apóstolos. O que causa o imediato espanto e reação emocional, determinando uma variedade de gestos, atitudes e movimentos.
Quando visitei a pintura não fazia ideia da grandeza da obra e de todos estudos do movimento, fenômenos mecânicos, lei da acústica, ótica, dinâmica, perspectiva, anatomia e outros que foram utilizados por Leonardo da Vinci na sua concepção.
É impressionante!
Na pintura, as figuras estão agrupadas em quatro blocos de três. Os apóstolos, não bebem, não comem e vemos Pedro chamando João para interpelar Jesus sobre o que disse. Na extrema direita Simão estende as mãos no ato de questionar-se, sem resposta.
No lado oposto, André se espanta com as palavras ditas e assim por diante.
Uma coisa que me chama a atenção na obra são os traços delicados de João. Quem sabe isso seja, ainda, reflexo das "leituras e interpretações criticas do passado".
Não importa! Para mim sempre vejo Maria Madalena e não João.
E por que resolvi falar da Última Ceia aqui?
Porque uma parte significativa da história aconteceu em volta de uma mesa.
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