Roberta Sudbrack vem atraindo a minha atenção ao longo dessa quarentena.
A renomada chefe que já foi eleita pela revista inglesa “Restaurant” como a melhor chefe mulher da América Latina em 2015, gosta de ser chamada de cozinheira.
Há três anos fechou seu restaurante RS (Roberta Sudbrack), uma estrela Michelin e abriu uma nova proposta: o Sud o Pássaro Verde, um local aconchegante no Rio de Janeiro que se destaca pela informalidade, comida de excelência feita com produtos sazonais comprados de pequenos produtores.
Comecei a ver suas postagens no Instagram. E logo o texto — extremamente bem escrito —, em que ela se comunica com a avó Dona Iracema já falecida e fala de seus desafios, agruras e conquistas em gerir um restaurante em plena pandemia, virou um vício e mais que isso, um retrato de transparência (que não é muito comum de vermos por aí), e exemplo de perseverança para todos os que trabalham no ramo.
Salada Niçoise com atum confitado no forno bem baixinho por horas.
Como consultor, enfrento sempre à primeira vista um certo desdém quando chego para entender o que poderia ser melhorado no negócio. Sempre ouço que fazem tudo certo.
O profissional da restauração não gosta de expor seus problemas e não gosta de fazer coisas novas, mas não entende que às vezes, justamente por causa dessa resistência, os resultados não aparecem.
Mas hoje não é de mim que quero falar. É dela.
SudLámen.
Roberta optou por não abrir o Sud. “Nossa casa é pequena, operar com 50% da capacidade seria inviável. Ficamos com medo da exposição que todos nós teríamos com a abertura. Criamos então um esquema onde nos sentimos mais seguros — se é que alguém pode se sentir seguro em meio a essa pandemia — onde não andamos de transporte público e taxistas de confiança entregam a comida que produzimos”, diz.
Spaghetinho caseiro feito à mão, com almôndegas.
Roberta conta que há quatro meses, antes do mundo ser tirado da tomada, se perguntassem a ela se faria delivery, ia dizer que jamais mandaria a comida dela chocalhando na garupa de uma moto pela cidade. De repente era o que tinha na mão. Era isso, ou nada! No início era tudo muito difícil, mas uniu forças e se adaptou.
Segundo Roberta, ela continua comprando de pequenos produtores e faz cardápios diferentes a cada dia. Assumiu que o Sud hoje entrega “quentinhas” com todo o orgulho e pelo o que acompanho no Instagram, tenho certeza de que os cariocas estão no céu por poder saborear a comida dela, um luxo nesses tempo tão sombrios. “Torço para continuarmos resistindo”, ela diz e nós também.
Panna Cotta, caramelo ácido e laranja seca.
Roberta finalizou falando algo que repito sempre: “todo mundo vai ter de se reavaliar e escolher um caminho que é o de jogar o excesso fora, não tem mais lugar para ego, para lista, prêmio.
E eu digo que para lá de questões de ego, não há mais lugar para ineficiência.
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